TEXTO I
Creado por: juanbacan
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TEXTO I

Anônimo. Cabeça de uma figura feminina.
Circa 2700-2500 a.C. Escultura em mármore, 8 × 3,2 cm.
Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque.
TEXTO II

MODIGLIANI, A. Cabeça de mulher. Circa 1910-1911.
Escultura em calcário, 68,3 × 15,9 × 24,1 cm.
National Gallery of Art, Washington.
WOLKOFF, J. These 5,000-Year-Old Sculptures Look Shockingly Similar to Modern Art.
Disponível em: www.artsy.net. Acesso em: 19 jun. 2019.
A leitura comparativa das duas esculturas, separadas por mais de 2500 anos, indica a
valorização da arte antiga por artistas contemporâneos.
resistência da arte escultórica aos avanços tecnológicos.
simplificação da forma em razão do tipo de material utilizado.
persistência de padrões estéticos em diferentes épocas e culturas.
ausência de detalhes como traço distintivo da arte tradicional popular.
Se você é feito de música, este texto é pra você
Às vezes, no silêncio da noite, eu fico imaginando: que graça teria a vida sem música? Sem ela não há paz, não há beleza. Nos dias de festa e nas madrugadas de pranto, nas trilhas dos filmes e nas corridas no parque, o que seria de nós sem as canções que enfeitam o cotidiano com ritmo e verso? Quem nunca curou uma dor de cotovelo dançando lambada ou terminou de se afundar ouvindo sertanejo sofrência? Quantos já criticaram funk e fecharam a noite descendo até o chão? Tudo bem… Raul nos ensinou que é preferível ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.
Já somos castigados com o peso das tragédias, o barulho das buzinas, os ruídos dos conflitos. É pau, é pedra, é o fim do caminho. Há uma nuvem de lágrimas sobre os olhos, você está na lanterna dos afogados, o coração despedaçado. Mas, como um sopro, da janela do vizinho, entra o samba que reanima a mente. Floresce do fundo do nosso quintal a batida que ressuscita o ânimo, sintoniza a alegria e equaliza o fôlego. Levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima.
BITTAR, L. Disponível em: www.revistabula.com.
Acesso em: 21 nov. 2021 (adaptado).
Defendendo a importância da música para o bem-estar e o equilíbrio emocional das pessoas, a autora usa, como recurso persuasivo, a
contradição, ao associar o coração despedaçado à alegria.
metáfora, ao citar a imagem da metamorfose ambulante.
intertextualidade, ao resgatar versos de letras de canções.
enumeração, ao mencionar diferentes ritmos musicais.
hipérbole, ao falar em “sofrência”, “tragédias” e “afogados”.
pessoas com suas malas
mochilas e valises
chegam e se vão
se encontram
se despedem
e se despem
de seus pertences
como se pudessem chegar
a algum lugar
onde elas mesmas
não estivessem
RUIZ, A. In: SANT’ANNA, A. Rua Aribau: coletânea de poemas.
Porto Alegre: TAG, 2018.
Esse poema, por meio da ideia de deslocamento, metaforiza a tentativa de pessoas
buscarem novos encontros.
fugirem da própria identidade.
procurarem lugares inexplorados.
partirem em experiências inusitadas.
desaparecerem da vida em sociedade.
Falar errado é uma arte, Arnesto!
No dia 6 de agosto de 1910, Emma Riccini Rubinato pariu um garoto sapeca em Valinhos e deu a ele o nome de João Rubinato. Na escola, João não passou do terceiro ano. Não era a área dele, tinha de escolher outra. Fez o que apareceu. Foi ser garçom, metalúrgico, até virar radialista, comediante, ator de cinema e TV, cantor e compositor. De samba.
Como tinha sobrenome italiano, João resolveu mudar para emplacar seu samba. E como ia mudar o sobrenome, mudou o nome. Virou Adoniran Barbosa. O cara falava errado, voz rouca, pinta de malandro da roça. Virou ícone da música brasileira, o mais paulista de todos, falando errado e irritando Vinicius de Moraes, que ficou de bico fechado depois de ouvir a música que Adoniran fez para a letra Bom dia, tristeza, de autoria do Poetinha. Coisa de arrepiar.
Para toda essa gente que implicava, Adoniran tinha uma resposta neoerudita: “Gosto de samba e não foi fácil, pra mim, ser aceito como compositor, porque ninguém queria nada com as minhas letras que falavam ‘nóis vai’, ‘nóis fumo’, ‘nóis fizemo’, ‘nóis peguemo’. Acontece que é preciso saber falar errado. Falar errado é uma arte, senão vira deboche”.
Ele sabia o que fazia. Por isso dizia que falar errado era uma arte. A sua arte. Escolhida a dedo porque casava com seu tipo. O Samba do Arnesto é um monumento à fala errada, assim como Tiro ao Álvaro. O erudito podia resmungar, mas o povo se identificava.
PEREIRA, E. Disponível em: www.tribunapr.com.br.
Acesso em: 8 jul. 2024 (adaptado).
O “falar errado” a que o texto se refere constitui um preconceito em relação ao uso que Adoniran Barbosa fazia da língua em suas composições, pois esse uso
marcava a linguagem dos comediantes no mesmo período.
prejudicava a compreensão das canções pelo público
denunciava a ausência de estilo nas letras de canção.
restringia a criação poética nas letras do compositor.
transgredia a norma-padrão vigente à época
O festival folclórico de Parintins, no Amazonas, anunciou que o Boi Caprichoso levou, em 2018, seu 23º título — contra 31 do adversário Boi Garantido. Desde o fim do evento que não paro de cantar duas músicas que aprendi no Bumbódromo (arena onde ocorre o espetáculo). Revezo entre “meu amor, eu sou feliz, ééé azul o meu país”, obviamente do boi azul, o Caprichoso; e “vermelhou o curral, a ideologia avermelhou”, do boi vermelho, o Garantido. Esse revezamento seria proibido em Parintins, cidade tão dividida entre as torcidas dos bois. Em Parintins, você tem de ter um lado. Há aqueles que tentam fugir e dizem que são “garanchoso”, com os quais me identifiquei, mas esses são vistos com certo desdém.
DYNIEWICZ, L. Disponível em: https://viagem.estadao.com.br.
Acesso em: 22 nov. 2018 (adaptado).
A apropriação de elementos como rivalidade, competitividade, torcida e gritos de guerra pelo festival de Parintins evidencia a
escolha de um local específico para a festa.
importância atribuída pelos turistas aos bois.
interação social estabelecida após o evento.
aproximação da manifestação folclórica com o esporte.
composição de enredos musicais pelos “garanchosos”.