Michel Foucault, em 'A História da Sexualidade', argumenta que a era vitoriana, ao contrário da crença popular, não foi uma época de silêncio sobre o sexo, mas sim uma época de proliferação de discursos sobre ele. Ele descreve a emergência de uma 'scientia sexualis' (ciência do sexo) que, através de confissões, exames médicos e classificações psiquiátricas, produziu um novo tipo de poder. Esse poder não apenas reprime, mas incita os indivíduos a falar sobre seu sexo, a fim de:
Controlar, administrar e normalizar a sexualidade dos indivíduos, ligando-a à saúde da população e à gestão social.
Celebrar a diversidade das práticas sexuais e eliminar qualquer forma de preconceito ou discriminação.
Provar que a única forma natural e saudável de sexualidade é a heterossexualidade reprodutiva.
Promover a libertação sexual e a igualdade de gênero na sociedade.
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Foucault analisa a 'hipótese repressiva' (a ideia de que o poder apenas proíbe o sexo) e a contesta. Ele mostra que, a partir do século XVIII, o poder se tornou mais produtivo. A incitação à confissão (primeiro na igreja, depois no consultório médico) não visava libertar, mas sim constituir o sexo como um objeto de saber e um alvo de poder. Ao classificar perversões, estudar a sexualidade infantil e a histeria feminina, o poder-saber médico e psiquiátrico buscava gerenciar a vida dos indivíduos e da população (o biopoder), normalizando comportamentos e produzindo 'corpos dóceis'.
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