A fenomenologia de Husserl influenciou profundamente o existencialismo. Jean-Paul Sartre, em 'O Ser e o Nada', adota o método fenomenológico, mas o aplica para descrever a estrutura da consciência humana em sua relação com o mundo. Ele distingue dois modos de ser fundamentais: o 'em-si' e o 'para-si'. O 'para-si' refere-se ao modo de ser da consciência, que é caracterizado por ser:
Pleno, maciço, idêntico a si mesmo, sem fissuras, como o ser de uma pedra ou de um objeto.
Uma substância pensante ('res cogitans'), uma entidade auto-suficiente que existe independentemente do mundo e do corpo.
O que não é, e não ser o que é. A consciência é uma falta de ser, uma nadificação, o que lhe confere liberdade absoluta e a capacidade de projetar-se no futuro.
Determinado por leis causais e pela sua essência, sem liberdade ou possibilidade de mudança.
0
Para Sartre, a consciência ('para-si') não é uma 'coisa'. Ela é pura intencionalidade, sempre dirigida para algo que não é ela mesma. A sua característica fundamental é a negatividade, o 'nada'. A consciência é o que ela não é (porque está sempre se projetando para o futuro) e não é o que ela é (porque ela nunca coincide plenamente com seu passado ou sua situação atual). É essa 'fissura' no ser que abre o espaço para a liberdade. O 'em-si', por outro lado, é o ser dos objetos, que simplesmente 'são', plenos e sem possibilidades. O desejo humano, para Sartre, é o desejo impossível de ser um 'em-si-para-si', ou seja, ter a liberdade da consciência e a solidez do ser de uma coisa.
Não perca a oportunidade de ajudar os outros. Cadastre-se ou faça login para adicionar uma solução!
Ajude a comunidade respondendo algumas perguntas.