E assim as coisas continuaram acontecendo entre os dois, em quase sustos, um grande por acaso com cacoetes de gestos definitivos. Com o Nunca Mais se oferecendo o tempo todo, bastaria dizer foi um prazer ter te conhecido, bastaria não trocar telefones nem e-mails e enterrar a casualidade com a cal da sabedoria - nada poderia ser definitivo, os encontros duravam duas horas ou duas décadas ou duas vezes isso, mas em algum momento necessariamente seria o fim. De todos os grandes amores. De todos os pequenos. De todas as juras, das promessas, de todos os na-alegria-e-na-tristeza. De todos os não amores, os desamores, os casamentos para sempre, os rancores para sempre, de todas as paralelas que só se viabilizam na abstração da geometria, de todas as pequenas paixões e de todas as grandes paixões, de tudo que para na antessala da paixão, de todos os vínculos não experimentados, de todos.
LISBOA, A. Rakushisha. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014.
(ENEM- 2023 - LÍNGUA PORTUGUESA- QUESTÃO 41)
O recurso que promove a progressão textual, contribuindo
para a construção da ideia de que as relações amorosas
têm um enredo comum, é a
repetição do pronome indefinido “todos”.
utilização do travessão na marcação do aposto.
retomada do antecedente pelo pronome “isso”.
contraposição de ideias marcada pela conjunção “mas”.
substantivação de expressões pela anteposição do
artigo.
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No excerto, o termo “todos” aparece repetidamente para introduzir diferentes categorias de relações amorosas — grandes, pequenas, juras, promessas, desamores etc.
O termo “todos” é um pronome indefinido, usado para generalizar, englobando diversos elementos sem especificar cada um individualmente.
A repetição cria ritmo, reforça a ideia de abrangência e estabelece uma cadência textual que dá continuidade ao fluxo narrativo. Cada ocorrência amplia o campo semântico e reforça a noção de totalidade.
Ao repetir o pronome indefinido, o texto expande o sentido, conectando novas informações e mantendo a coesão. Isso faz a narrativa avançar, ao mesmo tempo que constrói a ideia de que todas as relações compartilham um mesmo destino: o fim.
A alternativa correta — “repetição do pronome indefinido ‘todos’” — explica como esse recurso, além de reforçar a mensagem central, sustenta a progressão textual.
Portanto, a repetição de “todos” funciona como um fio condutor, organizando as ideias e enfatizando que, independentemente da intensidade ou forma, todas as relações amorosas estão sujeitas ao mesmo desfecho.
Quando perceber um termo repetido várias vezes, analise se ele atua como elemento de coesão e se contribui para o ritmo e a progressão das ideias no texto.
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