- O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu falar num troço chamado autoridades constituídas? Não sabe que tem de conhecer as leis do país? Não sabe que existe uma coisa chamada Exército Brasileiro, que o senhor tem de respeitar? Que negócio é esse? [...] Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro: "dura lex"! Seus filhos são uns moleques e outra vez que eu souber que andaram incomodando o General, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar gringos feito o senhor. [...] Foi então que a mulher do vizinho do General interveio: - Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido? O delegado apenas olhou-a, espantado como atrevimento. - Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor. Meu marido não é gringo nem meus filhos são moleques. Se por acaso importunaram o General, ele que viesse falar comigo, pois o senhor também está nos importunando. E fique sabendo que sou brasileira, sou prima de um Major do Exército, sobrinha de um Coronel, e filha de um General! Morou? Estarrecido, o delegado só teve força para engolir em seco e balbuciar humildemente: - Da ativa, minha senhora?.
SABINO, F. A mulher do vizinho. In: Os melhores contos. Rio de Janeiro: Record, 1986.
A representação do discurso intimidador engendrada no fragmento é responsável por
[LÍNGUA PORTUGUESA- ENEM 2021 - QUESTÃO 30]
ironizar atitudes e ideias xenofóbicas
conferir à narrativa um tom anedótico
dissimular o ponto de vista do narrador
acentuar a hostilidade das personagens.
exaltar relações de poder estereotipadas.
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Passo 1: Analisar o tom e a situação apresentada no diálogo entre o delegado e a mulher do vizinho do General.
Passo 2: Identificar o discurso intimidador e exagerado do delegado, que tenta impor autoridade de forma rígida e autoritária.
Passo 3: Observar a reação da mulher, que responde com ainda mais firmeza e uma retórica carregada de relações familiares militares, invertendo o jogo de poder.
Passo 4: Reconhecer que essa troca provoca uma situação cômica, pela forma caricata e exagerada do confronto entre personagens.
Conclusão: Essa representação do discurso intimidador cria um tom anedótico na narrativa, ou seja, um tom humorístico e de crítica social por meio do exagero.
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